Os objetos usados como amuletos de sorte vem de origens
remotas e pagãs, onde se acreditavam que os próprios deuses estavam naqueles
objetos. Objetos magicamente "carregados"
são considerados como transmissores do poder da mágica que representam, e
afetam aos que os tocam.
Mark Bubeck, que ficou conhecido no Brasil
por seu livro O Adversário,
escreveu recentemente um outro livro sobre como podemos criar nossos filhos em
meio aos constantes ataques que os demônios fazem ao nosso lar. Ao fim do
livro, Bubeck adicionou um apêndice, contendo questionários cujas perguntas
procuram levar os leitores a descobrir as portas pelas quais têm permitido aos
demônios entrarem no lar e atacar os filhos. Uma das portas é a presença em
casa de objetos amaldiçoados, como amuletos, fetiches e talismãs, livros sobre
ocultismo, bruxaria, astrologia, mágica, adivinhação, e utensílios ou objetos
usados em templos pagãos, rituais de feitiçaria, ou ainda na prática da
adivinhação, mágica ou espiritismo. A sugestão de Bubeck é que a presença
dessas coisas no lar permite aos demônios que penetrem na casa e atormentem os
filhos.
A cruz não é algo cristão, mas um
instrumento romano de castigo e vergonha. A cruz como instrumento de suplicio e
de vergonha não foi santificada porque Jesus morreu nela. Continuou sendo um
instrumento maldito.
Dt 21:23 O seu cadáver não permanecerá no madeiro,
mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de
Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o SENHOR teu Deus te dá em
herança.
Gl 3:13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;
Eu não iria querer pendurar um laço de corda na parede de
meu quarto se alguém que eu amo tivesse morrido enforcado. Portanto a cruz,
como objeto de madeira, foi o instrumento de suplício onde Jesus morreu.
Porém, as Escrituras, conforme as passagens
acima, mostram que a palavra "cruz" significa a obra de Cristo em sua
totalidade; Seu sacrifício levando nossos pecados. Então, quando digo que
devemos nos lembrar da cruz, não quer isto dizer que devemos nos lembrar do
instrumento de madeira, mas do sacrifício do Senhor. Da mesma maneira, na cruz
Ele foi rejeitado pelo homem e por Deus (Salmo 22). Portanto, posso pensar na
cruz (não no instrumento de madeira) como uma posição de rejeição. Dizer que
devemos levar a cruz de Cristo significa dizer que devemos tomar o lugar de
rejeição e afronta que Ele ocupou aqui neste mundo.
Os cristãos primitivos não usavam
a cruz como símbolo, mas um peixe, pois a palavra peixe era um anagrama do nome
Jesus.
A
palavra grega para peixe é ICHTHUS e as suas cinco letras formam o acrônimo
grego com a frase:
Iesus Christus Theou Yicus Soter, que quer
dizer: Jesus Cristo filho de Deus Salvador.
Objetos
ungidos
Nos cultos de muitas
igrejas de libertação, objetos variados são empregados como canais de bênção.
Eles são ungidos (abençoados) nos cultos com o objetivo de passarem ao fiel
algum tipo de benefício. Os mais comuns são a água fluidificada (colocada sobre
o rádio ou TV durante a oração do "homem de Deus"), a rosa ungida,
ramos de arruda, sal grosso, óleo, água, vinho, pedrinhas trazidos da
"terra santa" (Israel), fitinhas, pulseiras e lenços.
Embora os líderes dessas igrejas insistam que
esses objetos abençoados funcionam apenas como apoio para a fé dos crentes, ao
fim, acabam sendo usados como talismãs, fetiches e outros objetos
"carregados" de poder espiritual. Os seus possuidores devem usá-los
de acordo com algum tipo de ritual, após o culto. A água pode ser bebida em
casa, após a oração de consagração. O "cajado de Moisés" deve ser
usado para bater naquilo que o crente gostaria de ter (um carro novo, por
exemplo). Lenços ungidos devem ser carregados junto ao corpo por determinado
tempo, geralmente durante o tempo de uma corrente de oração.(1)
Muitas vezes objetos são
"abençoados" nessas igrejas com o objetivo de espantarem e expelirem
demônios. A idéia que está por detrás desse uso religioso de artigos e objetos
é o de que as entidades espirituais (anjos e demônios) podem ser atingidas
através dos sentidos como cheiros, cores, gosto e vozes. Nesse ponto os
cristãos do primeiro século se afastaram significativamente das práticas
exorcistas do Judaísmo da sua época, que foram desenvolvidos no período
intertestamentário. Os métodos rabínicos de tratar com demônios incluía o uso
de tochas de fogo à noite, amuletos, filactérios,(2) fórmulas mágicas,
fumigações, entre outros. A idéia era que essas coisas teriam em si algum tipo
de poder mágico contra os demônios.(3) No cristianismo primitivo, entretanto, a
idéia de que demônios pudessem ser atingidos através de sons, cheiros ou coisas
materiais e tangíveis, está ausente.
Entendendo o
uso de objetos na Bíblia
Salta aos olhos de quem conhece as práticas
religiosas populares que o uso de objetos ungidos pelas igrejas de libertação é
bastante semelhante ao benzimento de objetos no baixo espiritismo, artes
mágicas e no ocultismo em geral. Entretanto, essas igrejas argumentam que a
prática tem base na Bíblia. Provavelmente a passagem bíblica mais citada é Atos
19.12, onde se relata o uso dos aventais e lenços de Paulo para expulsar
demônios em Éfeso. É preciso salientar, entretanto, que esse acontecimento é o
único do gênero que temos registrado no Novo Testamento. Fez parte dos
"milagres extraordinários" que o Senhor realizou em Éfeso pelas mãos
de Paulo (At 19.11).
Devemos interpretar essa passagem da mesma
forma como interpretamos os relatos do Antigo Testamento sobre o cajado de
Moisés (Ex 8.5,16) e o manto de Elias (2 Re 2.8,14). Esses objetos foram
veículos materiais do poder miraculoso desses homens. O propósito das
narrativas acerca do poder que havia neles foi mostrar o extraordinário poder
de Deus nas vidas dos seus possuidores, comprovando que a sua mensagem vinha
realmente da parte de Iavé. O ponto é que esse poder era tão grande que até as
coisas com as quais Moisés e Elias tinham contato diário se tornavam canais
através dos quais ele era transmitido.
Além dessas ocorrências no Antigo Testamento
mencionadas acima, outros eventos são citados como justificativa para o uso de
objetos como veículos do poder divino. Moisés fez uma serpente de bronze (Nm
21.9). Eliseu usou um prato novo com sal para miraculosamente sanar as águas de
Jericó (2 Re 2.19-22), um pouco de farinha para purificar uma comida envenenada
(2 Re 4.38-41), um pau para fazer flutuar um machado que caiu no rio (2 Re
6.1-7). Sob seu comando, as águas do Jordão serviram para curar a lepra de
Naamã (2 Re 5.1-14). Seu bordão parece que era usado para realizar milagres (2
Re 4.29) e seus ossos ressuscitaram um morto (2 Re 13.20-21). O profeta Isaías
usou uma pasta de figos para curar Ezequias (2 Re 20.7).
Alguns eventos narrados no Novo Testamento são
também citados como prova. As vestes de Jesus tinham poder curador. Não somente
a mulher com um fluxo de sangue foi curada ao tocá-las (Lc 8.43-46), mas muitas
outras pessoas doentes (Mt 14.36; Mc 6.56; cf. Lc 6.19). Em pelo menos duas
ocasiões, Jesus usou saliva para curar cegos (Mc 8.22-26; Jo 9.6-7), e em
outra, para curar um mudo (Mc 7.33). Aparentemente, a sombra de Pedro, após o
Pentecostes em Jerusalém, acabava por curar a quem atingisse (At 5.15).
Devemos entender, entretanto, qual o objetivo
dessas narrativas. Em todas elas, o conceito é sempre o mesmo. Jesus e os
apóstolos eram tão cheios do poder de Deus que as coisas com as quais tinham
contato íntimo se tornavam como que em extensões deles, para curar e abençoar
as pessoas. O objetivo é idêntico: enfatizar a enormidade do poder de Deus em
suas vidas, e assim, atestar que a mensagem pregada por eles, bem como pelos
profetas do Antigo Testamento, vinha de Deus. A prova eram os poderes
miraculosos tão extraordinários que até mesmo vestes, bordões, ossos, saliva,
sombra e lenços desses homens transmitiam o poder curador de Deus que neles
havia. É dessa forma que devemos entender o relato de Atos 19 sobre o poder
curador dos lenços e aventais de Paulo.
Evidentemente, essas passagens não servem como
prova de que, hoje, as igrejas evangélicas podem abençoar objetos e usá-los
para expelir demônios, proteger seus possuidores contra forças negativas e
curar moléstias. Notemos as principais diferenças entre o uso destes objetos
nos relatos bíblicos e o uso que é feito hoje pelas igrejas de libertação.
1. A natureza dos milagres em
que foram empregados - Os objetos fizeram parte de milagres que não vemos serem
repetidos hoje. A melhor maneira de provar que o uso de objetos ungidos hoje
opera a mesma liberação do poder divino como nos eventos relatados na Bíblia,
seria abrir rios, ressuscitar mortos, curar leprosos, cegos e aleijados, sanear
águas amargas e limpar comidas envenenadas usando objetos pessoais dos
missionários e obreiros dessas igrejas. Entretanto, os "milagres"
efetuados pelos objetos ungidos nas igreja de libertação nem de perto se
assemelham aos prodígios extraordinários narrados nas Escrituras.
2. Seu
uso limitou-se ao momento do milagre - Nenhum dos objetos empregados na Bíblia
preservaram algum "poder" em si mesmos após o milagre ter ocorrido. A
serpente de bronze, até onde sabemos, não foi mais usada para curar mordidas de
serpentes após o incidente no deserto, muito embora os judeus supersticiosos
passassem a adorá-la como a um deus. É natural supor que Eliseu, após usar o
manto de Elias para abrir as águas, usou-o normalmente como peça do seu
vestuário, sem que o mesmo exercesse qualquer poder mágico nas coisas em que
tocava. O sal, a farinha e o pedaço de pau que ele usou para fazer milagres
foram tirados da vida normal e retornaram a ela após seu uso. Não retiveram
qualquer propriedade miraculosa em si mesmos. Semelhantemente, os lenços e
aventais de Paulo tiveram um uso especial somente em Éfeso, e provavelmente
somente durante um determinado período, ao longo dos três anos que o apóstolo
passou ali. Em contraste, as igrejas da libertação ungem e abençoam objetos e
atribuem a eles efeitos que permanecem muito tempo após a cerimônia. É algo bem
diferente do uso ocasional feito pelos profetas e apóstolos.
3. Nenhum dos
objetos empregados foi ungido ou abençoado - Essa é uma diferença fundamental.
Nas igrejas de libertação, os objetos são ungidos, abençoados, fluidificados e
consagrados através da oração e da imposição de mãos dos pastores e obreiros,
depois do que, passam supostamente a ter poderes especiais. No entanto, em
nenhum dos casos mencionados nas Escrituras, os objetos empregados nos milagres
passaram, antes, por uma cerimônia de consagração. A Bíblia desconhece
totalmente a "unção" de coisas com o fim de serem empregadas em atos
miraculosos, para atrair as bênção de Deus, ou ainda, para expelir demônios e
doenças. É verdade que no Antigo Testamento alguns objetos, utensílios e
mobília do tabernáculo, e depois, do templo, foram ungidos com sangue e óleo.
Mas o propósito não era investir essas coisas de poderes especiais, e sim
separá-las do seu uso comum para o uso sagrado nos rituais de sacrifício.
Eliseu não ungiu nem consagrou, pela oração, o sal, a farinha e o pedaço de
árvore que usou para operar milagres. Nem Isaías ungiu a pasta de figo para
curar a úlcera de Ezequias. Nem mesmo a serpente de bronze passou por uma
consagração, antes de ser erigida diante do povo envenenado pelas serpentes. Os
lenços e aventais de Paulo não passaram pela imposição de mãos do apóstolo
antes de serem levados aos doentes e endemoninhados. O que dava
"poder" àqueles objetos era o fato de que pertenciam, ou foram
manipulados, por pessoas sobre quem o poder de Deus repousava de forma
extraordinária.