No último
estudo discorri sobre soldados e guerras. Mas nessa 2ª parte do ensino quero me
ater ao chamado e o preparo de um soldado.
Um homem comum
para que se torne um bom soldado precisa passar por alguns processos sem os
quais ele não está apto a desempenhar bem a sua função.
Entre esses preparos estão:
- Treinamento;
- Disciplina;
- Conhecimento
bélico;
- Discernimento.
TREINAMENTO
Se
acompanharmos o dia a dia de um soldado veremos que quase a totalidade do seu
tempo é passado em treinamento, seja ele físico ou mental.
O soldado
tem que estar preparado, pois o inimigo também se fortifica, então ele tem que
se submeter aos exercícios impostos para obter uma compleição física e um vigor
invejável para que no meio da guerra ele possa transpor muralhas, rastejar, ser
ágil em escalar ou se arrastar e enfrentar as mais diversas intempéries que o
tempo pode suscitar.
Seu
treinamento fortalece os seus pulmões e seus músculos. Dá-lhe agilidade para as
rápidas escapadas ou ações. Com sua rapidez o soldado é capaz de desarmar o
inimigo e conte-lo em sua fúria.
E
mentalmente também não é diferente, pois uma mente educada e treinada para agir
com inteligência e sagacidade muitas vezes torna-se mais útil e meritória que a
sua força física. Há muitos problemas que devemos usar nossa mente e não os
nossos músculos para resolvê-los.
DISCIPLINA
“Disciplina” vem de “discípulo” (aquele que segue). Num resumo a disciplina é a
modelagem total do caráter e do temperamento de uma pessoa para que ele obedeça
algumas regras.
Lembro-me
para ilustrar tal conceito de uma imagem que eu vi há algum tempo atrás de um
garotinho indiano chegando em sua vila em cima do seu elefante. Daí ele desce
do enorme paquiderme e passando uma cordinha de embira em torno de sua pata, o
amarra a uma arvore. E sabe o que acontece? O elefante tão somente fica ali. E
se o menino demorar, ele vai ficar ali por varias horas até o garoto voltar.
Pergunto
agora: “O que segura o elefante? a cordinha?” – Não... a disciplina.
O bom
soldado deve ser disciplinado para acatar as ordens dos seus superiores sem
questionar. Tem que treinar a sua mente a ser sujeita e com a disciplina
controlar seu temperamento, muitas vezes explosivo.
Outra
qualidade de alguém disciplinado é a sua prontidão. A pontualidade é a marca de
uma pessoa disciplinada. Não atrasa. Está sempre ali, pronto!
E por
fim, aquele que é disciplinado tem uma postura.
Você
nunca vai ver um embaixador andando com os ombros caídos; nem uma princesa com
a cabeça baixa; nem muito menos um general arrastando os pés. Ser cônscio de
que é uma pessoa importante, escolhida e especial e manter a postura, isso é o
que um bom soldado aprende.
CONHECIMENTO
BÉLICO
Quando falamos em conhecimento bélico envolvemos uma gama
muito extensa de itens: armas, luta, sobre a guerra, sobre o inimigo,
estratégia, entre outros.
Suicídio é ir a guerra sem conhecer:
· A arma que usa –É de suma importância conhecer o
calibre, o alcance, o manejo da sua arma.
· Conhecermos sobre a guerra que lutamos ou nossos inimigos – Ter um conhecimento prévio de onde
iremos colocar os pés é a primeira chave para o sucesso em uma empreitada. Conhecer
os inimigos que estarão ali para nos fazer frente é o segundo passo. Suas
armas, suas manobras, seus medos e segredos. E sobre o terreno devemos saber 4
coisas:
1. Onde ir? – É parte fundamental de uma evolução
traçarmos uma meta. Se não tivermos um objetivo não tem nexo a luta. Mas antes
de sairmos do lugar, tenhamos em mente onde queremos chegar!
2. Quando ir? – Não devemos saber apenas onde a gente tem que chegar. Devemos
saber quando devemos ir, afinal, estamos sob ataque e ir em momento errado é
tomar atitude precipitada que muitas vezes nos fazem perder a batalha, quando
não, a vida! Esperar o momento certo, manter a calma. E também não vacilar
quando chegar esse momento. Isso é o que faz a diferença em um bom soldado.
3. Por onde ir? – Tão necessário quanto saber onde ir é
sabermos por onde ir. Diz-se que a menor distância entre 2 pontos é sempre uma
reta, mas nem sempre é esse o percurso mais seguro.
Devemos pesquisar o campo, as rotas. Descobrirmos detalhes no
terreno que nos sirvam como abrigo e como meio de fuga. Numa guerra, um pequeno
morro, uma árvore, uma depressão no terreno fazem toda a diferença. Atacarmos
pelos flancos ou conseguirmos surpreender o nosso inimigo por onde ele menos
espera é uma boa jogada, um bom lance que nos garante uma grande porcentagem de
vantagem sobre ele.
4. Como ir? – De que adianta um soldado saber onde
ir, quando ir e por onde ir e não ter a prudência de saber como ir?
Levantar e sair correndo dando tiros a esmo ou espadadas a torto e
a direito não nos faz um herói, mas sim um louco imprudente.
Devemos as vezes nos arrastar, correr em distancias curtas e nos
abaixar, engatinhar, tudo isso faz parte de uma evolução em campo bem estudada
e com êxito.
Existe uma palavra que delicia-me o português: subrepticiamente!
Significa: furtivamente. Vem de réptil, como as cobras que não
fazem barulho e se locomovem de uma forma quase que imperceptível se não
soubermos onde ela está. É por isso que Jesus nos ensina sermos simples como a
pomba mas sutil como a serpente! (Mt.10.16).
DISCERNIMENTO
É saber diferenciar o que é do que não é. É distinguir o
certo do errado. É descobrir quando alguém está camuflado, quando alguém está mentindo.
Muitas vezes quando estamos numa guerra nos colocamos em
situações que requer de nós a escolha entre o certo e a consciência, e às vezes
nos envolvemos tanto na guerra que nos tornamos frios e deixamos de lado o que
é mais importante para nós, a nossa essência do individualismo: o caráter!
Somos soldados por uma causa. Temos um objetivos, mas
procuremos ser justos em nossas decisões para não nos tornarmos tão vis como
nosso inimigo.
Ainda há espaço para mais um pouco de conversa sobre a
nobre função que exerce o soldado, mas essa é matéria para a 3ª e última parte
de O BOM SOLDADO !
Não percam!