O que me causa
fascínio nos livros bíblicos é que cada um tem a sua singularidade e no caso do
livro de Cantares de Salomão alem de ser um livro poético, onde o autor exprime
o seu amor pela pessoa amada de uma forma que em nenhuma outra parte da Bíblia
se vê, é um dos dois livros onde não se lê a palavra Deus, sendo o outro o
livro de Ester.
É um livro
muitas vezes ignorado e até evitado pela maioria dos pregadores, por trazer uma
linguagem até quase erótica, mas que tem uma riqueza de simbolismo e
paralelismo com outras histórias que o torna inigualável.
Para estudá-lo
devemos saber:
1. Ao
que ele faz alusão;
2. Ao
que ele simboliza;
3. Ao
que podemos compará-lo (sem afirmar nunca que essa foi a idéia original do
autor, mas apenas uma comparação)
O livro de Cantares de Salomão
faz alusão ao amor e ao romance entre um jovem casal apaixonado e suas
desventuras.
Nesse romance, o jovem (Salomão)
se declara para a sua amada (a sulamita) e ela corresponde ao amor de seu
amado.
É uma poesia romântica clássica,
mas com um fundo metafórico.
E como metáfora, a poesia retrata
o relacionamento de Deus para com Israel.
E num sentido de certa forma meio
que forçada, mas plausível no sentido estrito de comparação ou correlação,
podemos tomar da história original para demonstrar que é assim o relacionamento
entre Jesus e sua Igreja. Repito, nunca perdendo a noção de que é apenas uma
comparação.
Vejamos então agora como se
desenvolve a trama e vamos ao mesmo tempo correlacionar os fatos com a história
Deus/Israel e Jesus/Igreja.
·
“Eu dormia, mas meu coração velava; eis a voz do
um amado, que está batendo: “Abre irmã minha, pomba minha, imaculada minha”.
(Ct.5.2). – o Noivo se apresenta a noiva e bate a porta.
“Eu vim para os que
eram meus...” (Jo.1.11a) [Deus/Israel];
“Eis que estou à porta e bato...”
(Ap.3.20) [Jesus/Igreja]
- “Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os pés, tornarei a suja-los?” (Ct.5.3). – A amada recusa-se a abrir a porta. "...Mas os seus não O receberam” (Jo.1.11b) [Deus/Israel]; "Tenho, porém, contra ti, que não guardastes o primeiro amor” (Ap.2.4) [Jesus/Igreja]
- “Abri ao meu amado, mas já ele se tinha retirado e ido embora; busquei-o e não o achei;chamei-o e ele não me respondeu!” (Ct.5.6). – A relutância da amada faz ela perder a oportunidade. “Eis que, se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo” (Jó.23.8) [Deus/Israel]; “Jesus veio e a Igreja se formou e segue seus passos após a sua assunção aos céus” [Jesus/Igreja];
- “Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me e feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros” (Ct.5.7). – Em busca pelo amado, a noiva sofre perseguições, afrontas e castigos. “Esmigalham-se-me os ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo: “Onde está o teu Deus?” (Sl.42.10) [Deus/Israel]; “Os sofrimentos de Paulo em IICo.11.23.28)” [Jesus/Igreja];
·
“O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros
de balsamo!” (Ct.6.2) – O amado se compadece da amada que fôra surrada e desce
aos jardins de bálsamo para preparar o remédio. “Cura-me, Senhor, e serei
curado!” (Jr.17.14) [Deus/Israel]; “Jesus acompanha os passos da Sua Igreja e
cuida para que ela permaneça sã, e tem o balsamo em sua mãos para curar todas
as nossas feridas como mostra Is.53.1-11” [Jesus/Igreja];
- “Quem é essa que sob do deserto encostada ao seu amado? (Ct.8.5)” “Quem é essa que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, pura como o sol, formidável como um exército de bandeiras? (Ct.8.10)” – A sulamita, após sofrer na procura pelo seu amado pelo deserto, sai encostada ao amado e (ao contrario do que se esperava) vem mais formosa e radiante do que nunca, com suas vestes limpas. “Depois dessas coisas, ouvi no céu uma voz de uma grande multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus!” (Ap.19.1). [Aqui Israel e a Igreja funde-se em uma só multidão para cantar a vitória!].
“Alegremo-nos, exultemos e
demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si
mesma para si se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo,
resplandecente e puro”.
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